sexta-feira, 30 de abril de 2010

Gabriel Nascente



Confissão


I

Quando escrevo um poema
parece que tem um menino chorando
no meu sangue.

Eu escuto o choro dele longe, afogado.
(Meu duelo de duendes na madrugada):
e me ausculto então penalizado
sem fôlego
para planger a treva da margem
dos teus olhos.


II

No poema
o mar é uma garganta de sinos,
condomínio de monstros:
de graníticos sonhos
de sal,
o mar.


III

Quando escrevo um poema
eu gero um sonho.
Parece que a humanidade
toca piano dentro de mim.


Gabriel Nascente
Goiânia – GO (1950)

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